Continuando com meu relato de viagem pela Provence, nessa segunda e última parte darei mais dicas para quem planeja conhecer essa região tão encantadora da França.
Espero que minhas experiências possam te ajudar a planejar o roteiro dos seus sonhos, viajando de forma tranquila, onde a única preocupação seja admirar as belíssimas paisagens.
Fazendo um tour por Manosque
Há diversos horários disponíveis ao longo do dia, e o percurso até Manosque leva uma hora. Nesta cidade há conexão com a linha da SNCF que leva até Marselha, para logo depois continuar pela Cote D´Azur.
Entrei na velha cidade de Manosque atravessando o magnífico portal da muralha: a Porte Saunerie. As ruas, tranquilas para os pedestres, levam até as igrejas de St-Sauver e Notre Dame.
Manosque é famosa por ser o lugar de onde partem as caminhadas à beira do abismo que duram vários dias. Esse abismo sofreu a erosão do Rio Verdon por milênios. As gargantas deste rio talvez sejam o espetáculo natural mais impressionante da Provence, e são realmente capazes de fazer o viajante perder o fôlego.
Explorando Aix-en-Provence
De Manosque há trens para Marselha em diversos horários. O tempo de viagem é de 1h e 17 minutos, embora eu recomende pegar estes mesmos trens e parar em Aix-en-Provence. Garanto que você não irá se arrepender de fazer esta parada.
A estação de trens de Aix-en-Provence está localizada no centro da cidade e não tem nada a ver com a estação Aix-en-Provence do TGV, que fica a 20 km da cidade. Aix-en-Provence, ou somente Aix, como é bem mais conhecida, caracteriza tudo que há de melhor na Provence, e pode ser considerada das mais civilizadas e elegantes cidades pequenas não apenas da França, mas do mundo. Não é sem motivo que durante muitos séculos foi a capital de uma Provence independente, que hoje conserva a cultura e a sofisticação de uma capital de estado com a tranquila e relaxante paz de uma cidade provinciana.
Possui mais de duzentas mansões residenciais, amplas avenidas, esplêndidos chafarizes, uma famosa Universidade e a Cours Mirabeau: sua artéria principal com fileiras de árvores e cafés.
Fundada pelos romanos, a cidade prosperou na Idade Média, e passou a ser uma das cidades mais importantes da Provence. Teve um crescimento dinâmico das artes e do comércio até ser anexada ao Reino da França. Sua Universidade, sua uva moscatel, seus palacetes e suas águas termais atraíram visitantes de toda a Europa.
O que fazer em Aix-en-Provence?
Na cidade, não deixe de caminhar pela Cours Mirabeau: ela divide a cidade em duas, sendo o bairro medieval ao norte e o elegante distrito do século XVIII ao sul. Veja também a Fontaine du Roi, o Museu de História Natural, a Praça da Ville, a Catedral de St-Sauveur, o Museu da Tapisserie, e o Museu de seu ilustre cidadão Paul Cézzane. Pequenas placas com a letra “C” indicam pontos que foram importantes na vida do famoso pintor.
Além disso, todas as manhãs de terça, quinta e domingo são realizadas feiras ao ar livre na Place de Verdun. Essas feiras são perfeitas para experimentar o verdadeiro estilo de vida provençal. Se você for dormir na cidade, pode comprar alcachofras, morangos e tomates deliciosos para o jantar, além do mel de lavanda e diversos tipos de queijos irresistíveis.
Em relação aos restaurantes, recomendo o Mitch na Rue de Tanneurs, com preços convidativos, e o Lavault na Rue Felibre Gaut (não esqueça de pedir uma mesa no subsolo!).
A estação de trem de Marselha
A estação de trem está no final da Avenida Victor Hugo, de onde partem os trens para Marselha a cada 20 minutos. Os trens das 07h50, 08h50, 11h50, 16h50, 19h50, 20h50 e 21h40, são de uma categoria superior aos locais, chamados de TER; possuem excelente qualidade e conforto e o preço é igual aos outros.
Chegando à Marselha, a estação de trem Gare de St. Charles impressiona, bem no alto de um morro. Ela é moderna e conta com restaurantes, livrarias, lugar para deixar malas ou sacolas, e gente que vem e que vai ao melhor estilo parisiense. Marselha, apesar da grande afluência de imigrantes, permanece essencialmente francesa.
Não se deixe levar pelo que ouviu falar dela, isso é parte do passado e dos filmes tipo “Contato em França”, que já tem mais de 20 anos. A Cannebiere, a avenida principal da cidade, merece um passeio, assim como o cais do Velho Porto em forma de fechadura. Ali encontrei inúmeros restaurantes e cafés. Marselha é famosa por sua culinária de frutos do mar, em especial a Buillabaisse (caldeirada), encontrada em restaurantes do porto.
Para quem quiser passar uma noite em Marselha, os hotéis Ibis e Adagio ficam ao lado da estação de trem. O Adagio dispõe de uma pequena cozinha e é interessante para hospedar até quatro pessoas – mas atenção, a roupa de cama é trocada somente uma vez por semana! Os preços são atraentes por ser uma cidade grande. Para quem prefere um quatro estrelas, em frente à estação está o Holiday Inn. Para quem dispõe somente de poucas horas, a estação é um verdadeiro shopping center, e há onde deixar malas ou mochilas.
Trem de Marselha para Nice
Seguindo viagem, saí de Marselha para Nice. Há trens praticamente de hora em hora, e às vezes até mais. Prefira os trens locais TER aos TGV. Os TER tem vagões de dois andares e demoram praticamente o mesmo tempo.
Lembre que neste trecho os TGV utilizam o mesmo trilho normal e não podem viajar em alta velocidade. Se possível, escolha uma janela no lado direito para ter as melhores vistas do Mediterrâneo.
Viajando para Toulon
A viagem para Toulon atravessa um extenso maciço de colinas cobertas por pinheiros. Embora a costa seja rochosa e íngreme, algumas encostas dessas colinas ainda permanecem como canteiros para o cultivo de flores no início da primavera. A cidade de Toulon é a maior base naval da França. Sofreu grandes avarias durante a Segunda Guerra Mundial, mas tem uma pequena área que considero de grande interesse, entre a Rue Jean Jaurès e o Hotel de Ville, em particular os calçadões da Rue Hoche e Rue d´Alger que vão até o cais. Há também um interessante Museu Naval.
Minha viagem continuou em direção a Cannes (trens partindo de hora em hora) e antes de chegar visitei as cidades de St-Raphael e Frejus, tão juntas que praticamente constituem uma única cidade. St-Raphael tem mais hotéis e restaurantes, mas gostei mais das paisagens de Frejus. Vale a pena ver o Anfiteatro Romano e a catedral provençal. Se a sua viagem estiver prevista para a primeira semana de julho, não perca o famoso festival de jazz.
Entre Frejus e Cannes, a ferrovia passa junto à linha costeira entre o Massif de l´Esterel e o mar.
Cannes, vale a pena conhecer
Cannes é um dos mais antigos recantos da Riviera. A principal via de frente para o mar é o Boulevard de La Croisette, uma rua com palmeiras enfileiradas, de frente para a praia de areia branca. A estação de trem não fica longe dos principais pontos de Cannes, como a praia, o mercado de Place Gambetta e o porto antigo. Todos esses pontos valem a caminhada. Os famosos hotéis Carlton e Majestic, assim como o Centro do Festival de Cinema também ficam próximos.
Os hotéis a preços econômicos são raros, mas há alguns perto da Rue d´Antibes. Também há o Park Prestige Hotel, na Rue Latour Mabourg, um quatro estrelas com preço de três. Bem em frente ao hotel há um pequeno restaurante chamado Cotê Croisette, atendido por um casal, com preços módicos e uma excelente cozinha provençal.
A estação de Antibes
Faltando pouco para fechar o círculo desde a saída de Nice, peguei um trem na estação na Rue Jean Jaurès. Os trens ali partem a cada meia hora. Se não tiver um passe, não se preocupe: além de bilheterias há máquinas que emitem sua passagem. Próxima parada: Antibes.
A estação também fica perto da muralha da antiga fortaleza, do mercado, dos restaurantes e do porto, onde poderá apreciar os maiores e mais sofisticados iates da Riviera. Siga minha sugestão e caminhe pelas ruelas, vale a pena!
Rapidamente cheguei em Nice, ponto de onde parti. Há trens partindo de Antibes a cada 20 minutos. Lembre-se sempre de se sentar no lado direito!
Para aqueles que gostaram de minha aventura, segue uma sugestão de pacote de viagem para Provence.
Se você ainda não leu, veja como começou minha viagem: Viajando de trem por Provence na França – Parte I
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